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Povos Antigos da Mesopotâmia

As antigas civilizações da Mesopotâmia

Mesopotâmia, berço de civilizações

A palavra mesopotâmia tem origem grega e significa “terra entre rios". Essa região localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates no Oriente Próximo, onde atualmente é o Iraque. Quase todos os impérios antigos começaram neste ponto e a Mesopotâmia pode ser chamada de seu epicentro. Por volta de 4000 a.C. iniciaram-se mudanças significativas, prenunciando uma nova era da história humana, mudando os padrões de povoamento, tornando-se cidades-estados, cidades politicamente independentes e suas terras adjacentes do interior, formando-se centro de populações densas e de realizações criativas precedentes. Um ótimo exemplo é a cidade de Uruk na Mesopotâmia, cujo a população foi estimada em cerca de 1500 pessoas em 4000 a.C. e 20 mil em 3000 a.C. Essas cidades-estados tinham hierarquias sociais bastante claras desde o início: a nobreza (em diversos níveis), plebeus, escravos e assim por diante. Em meados de 3000 a.C., Idade do Bronze, assim chamados pelos eruditos, até pouco tempo após 1200 a.C. O comércio e as relações diplomáticas começaram a emergir entre lugares distantes, sendo criado as rotas comerciais; formando redes e impérios bastantes estáveis, mas que também acabaram provocando batalhas e guerras. Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história. Vários povos antigos habitaram essa região. Entre estes povos, podemos destacar: babilônicos, assírios, sumérios, caldeus, amoritas e acádios. Vale dizer que os povos da antiguidade buscavam regiões férteis, próximas a rios, para desenvolverem suas cidades-estado.

Dentro desta perspectiva, a região da mesopotâmia era uma excelente opção, pois garantia a população: água para consumo, rios para pescar e via de transporte pelos rios. Outro benefício oferecido pelos rios eram as cheias que fertilizavam as margens, garantindo um ótimo local para a agricultura.

Mapa da antiga Mesopotâmia


As técnicas para controlar tais cheias se desenvolveram ao mesmo tempo em que a civilização chegou aos povos mesopotâmicos. O trabalho árduo possibilitou a construção de obras hidráulicas, como muros de contenção, diques, canais de irrigação e poços de armazenamento de água para o período da seca.

Na Alta Mesopotâmia, região ocupada por uma das chamadas Civilizações Hidráulicas, as cheias dos rios Tigre e Eufrates ocorriam entre os meses de abril e maio, quando as geleiras das montanhas da Armênia derretiam e chegava a temporada das chuvas. Registros da época descrevem alagamentos que cobriam o solo "até onde os olhos não alcançam", muitas vezes destruindo tudo ao redor.


Economia e vida social

A Agricultura


A agricultura floresceu às margens do Tigre e do Eufrates. A base da alimentação era composta por cereais, principalmente a cevada e, em segundo plano, o trigo. O linho e o algodão também eram plantados. Com as obras hidráulicas, o excedente agrícola possibilitava o sustento dos reis, de suas famílias e de um número cada vez maior de funcionários públicos. Além da agricultura, povos nômades viviam da criação do gado miúdo (cabras, ovelhas, porcos), o que complementava a alimentação e o comércio das cidades. Daí, também, ser necessária a contabilidade da receita que se ampliava.


O Comércio


O comércio, uma das principais atividades econômicas, era praticado através das caravanas (expedições de comércio em grandes grupos). Os comerciantes percorriam extensas áreas para vender suas mercadorias ou comprar matérias-primas que não eram encontradas na Mesopotâmia. Os contatos comerciais eram feitos, principalmente, com sociedades do Oriente Médio e Índia. O controle comercial era feito através de registros em placas de argila, utilizando caracteres cuneiformes.


Religião


Os povos da Mesopotâmia Antiga a ideologia religiosa e política estiveram entrelaçadas de modo inextricável desde os primórdios que podem ser traçados em suas origens. Segundo Evans-Pritchard, antropólogo, "a realeza em toda a parte e em todo o tempo sempre foi, de certo modo, um mistério sagrado" O exemplo mais óbvio foi a monarquia sacra, que caracterizou todas as entidades políticas do Oriente Próximo. O rei era o mediador entre os humanos e os deuses, como sacerdote-rei ou representante dos deuses, regia a cidade-estado, realizava diversas funções religiosas vitais e pessoalmente comandava seu exército em uma batalha contra cidades-estados vizinhas. Todo grupo de sacerdotes operava como secretários do sistema religioso da cidade-estado. Na concepção destes povos, os deuses poderiam praticar coisas boas ou ruins com os seres humanos. Os deuses da religião mesopotâmica representavam os elementos da natureza (água, ar, Sol, terra, etc). Diversas cidades possuíam seus próprios deuses. Marduque, por exemplo, era o deus protetor da cidade da Babilônia, na época do reinado de Hamurabi. Em função do domínio desta cidade sobre a Mesopotâmia, este deus também passou a ser o mais importante em toda região. Uma deusa que ganhou muita importância na Mesopotâmia foi Ishtar. Era representada nua e simbolizava o poder da natureza e da fertilidade.


Os Zigurates (Religião)


O zigurate era uma espécie de templo construído pelos assírios, babilônios e sumérios, povos da Antiga Mesopotâmia. Os mesopotâmicos acreditavam que os deuses habitavam estas construções. Esta construção tinha o formato de uma

pirâmide, porém com a presença de espécies de degraus.



Os zigurates possuíam de 3 a 6 andares. Eram construídos de pedra ou de tijolos cozidos ao Sol. A entrada era feita através do topo do templo, sendo que o acesso ocorria através de uma rampa espiralada, construída nas paredes externas do zigurate.

(observe a imagem)


Zigurate de Nanna, construído cerca de 4.100 anos atrás, na cidade de Ur no Iraque atual.

Sua função religiosa era muito importante, pois os antigos mesopotâmicos acreditavam que os zigurates serviam de morada para os deuses. Através destas construções, acreditavam que os deuses estariam mais perto da sociedade. Logo, somente os sacerdotes poderiam acessar as partes internas do zigurate.


Principais divindades da religião mesopotâmica

GILGAMESH

ENLIL - ENKIL


Enlil - deus do vento e das chuvas -

Shamach - deus do Sol -

Ishtar - deusa da chuva, da primavera e da fertilidade -

Marduque - deus protetor da cidade da Babilônia –

Anu - deus do Céu


Estátua encontrada no templo de Abu na cidade sumérica de Tell Asmar, no atual Iraque, produzida por volta de 2600 a.C. As estátuas encontradas nesse templo estão representadas com a postura ereta e as mãos cruzadas, em sinal de oração.


Os principais povos (4 000 a.C – 1900 a.C)


A Mesopotâmia foi uma região por onde passavam muitos povos nômades oriundos de diversas regiões. A terra fértil fez com que alguns desses povos aí se estabelecessem. Do convívio entre muitas dessas culturas floresceram as sociedades mesopotâmicas. Os principais povos foram os foram os sumérios, os acádios, os amoritas ou antigos babilônios, os assírios, os elamitas e os caldeus ou novos babilônios.


Os sumérios


Este povo destacou-se na construção de um complexo sistema de controle da água dos rios. Construíram canais de irrigação, barragens e diques. A armazenagem da água era de fundamental importância para a sobrevivência das comunidades. Uma grande contribuição dos sumérios foi o desenvolvimento da escrita cuneiforme, por volta de 4000 a.C. Usavam placas de barro, onde cunhavam esta escrita. Muito do que sabemos hoje sobre este período da história, devemos as placas de argila com registros cotidianos, administrativos, econômicos e políticos da época. Os sumérios, excelentes arquitetos e construtores, desenvolveram os zigurates. Estas construções eram em formato de pirâmides e serviam como locais de armazenagem de produtos agrícolas e também como templos religiosos. Construíram várias cidades importantes como, por exemplo: Ur, Nipur, Lagash e Eridu.


Placa de argila com caracteres cuneiformes gravados na Suméria por volta

de 3200 a.C


Amoritas ou Babilônicos 1900 a.C – 1600 a.C


Este povo construiu suas cidades nas margens do rio Eufrates. Foram responsáveis por um dos primeiros códigos de leis que temos conhecimento. Baseando-se nas Leis de Talião ("olho por olho, dente por dente"), o imperador de legislador Hamurabi desenvolveu um conjunto de leis para poder organizar e controlar a sociedade. De acordo com o Código de Hamurabi, todo criminoso deveria ser punido de uma forma proporcional ao delito cometido.



O Código de Hamurabi é um conjunto de leis criadas na Mesopotâmia, por volta do século XVIII a.C, pelo rei Hamurabi da primeira dinastia babilônica. O código é baseado na lei de talião, “olho por olho, dente por dente”.


Leis e objetivos do código

As 281 leis foram talhadas numa rocha de diorito de cor escura. Escrita em caracteres cuneiformes, as leis dispõem sobre regras e punições para eventos da vida cotidiana. Tinha como objetivo principal unificar o reino através de um código de leis comuns. Para isso, Hamurabi mandou espalhar cópias deste código em várias regiões do reino.

As leis apresentam punições para o não cumprimento das regras estabelecidas em várias áreas como, por exemplo, relações familiares, comércio, construção civil, agricultura, pecuária, etc. As punições ocorriam de acordo com a posição que a pessoa criminosa ocupava na hierarquia social.

O código é baseado na antiga Lei de talião, “olho por olho, dente por dente”. Logo, para cada ato fora da lei haveria uma punição, que acreditavam ser proporcional ao crime cometido. A pena de morte é a punição mais comum nas leis do código. Não havia a possibilidade de desculpas ou de desconhecimento das leis.

Algumas leis do Código de Hamurabi:

- Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então aquele que enganou deverá ser condenado à morte.

- Se uma pessoa roubar a propriedade de um templo ou corte, ele será condenado à morte e também aquele que receber o produto do roubo deverá ser igualmente condenado à morte.

- Se uma pessoa roubar o filho menor de outra, o ladrão deverá ser condenado à morte.

- Se uma pessoa arrombar uma casa, deverá ser condenado à morte na parte da frente do local do arrombamento e ser enterrado.

- Se uma pessoa deixar entrar água, e esta alagar as plantações do vizinho, ele deverá pagar 10 gur de cereais por cada 10 gan de terra.

- Se um homem tomar uma mulher como esposa, mas não tiver relações com ela, esta mulher não será considerada esposa deste homem.

- Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela como filho, criando-o, este filho quando crescer não poderá ser reclamado por outra pessoa. Curiosidade:

- O monólito com o código de Hamurabi foi encontrado no ano de 1901, pela expedição de Jacques de Morgan, na região do atual Irã.


Os babilônios também desenvolveram um rico e preciso calendário, cujo objetivo principal era conhecer mais sobre as cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições para o desenvolvimento da agricultura. Excelentes observadores dos astros e com grande conhecimento de astronomia, desenvolveram um preciso relógio de sol. Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou conhecido por sua administração foi Nabucodonosor II, responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia (que fez para satisfazer sua esposa) e a Torre de Babel (zigurate vertical de 90 metros de altura). Sob seu comando, os babilônios chegaram a conquistar o povo hebreu

e a cidade de Jerusalém.


Assírios 1200 a.C – 612 a.C


Este povo destacou-se pela organização e desenvolvimento de uma cultura militar. Encaravam a guerra como uma das principais formas de conquistar poder e desenvolver a sociedade. Eram extremamente cruéis com os povos inimigos que conquistavam. Impunham aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de manter respeito e espalhar o medo entre os outros povos. Com estas atitudes, tiveram que enfrentar uma série de revoltas populares nas regiões que conquistavam.


Caldeus: O Novo Império Babilônico


Com os caldeus, A Babilônia recuperou seu resplendor. No reinado de Nabucodonosor, o Novo Império Babilônico atingiu seu apogeu. Suas terras se estendiam por quase todo o Oriente Médio, limitando-se com o Egito. A Babilônia enriqueceu-se e embelezou-se com grandes obras públicas, como os até hoje famosos jardins suspensos construídos por Nabucodonosor, tornando-se a mais notável cidade do Oriente. Em 539 a.C. a Babilônia foi conquistado pelos exércitos dos persas. A vitória foi facilitada pelo apoio dos sacerdotes e comerciantes babilônicos, que se aliaram aos invasores em troca da manutenção de seus privilégios.


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