Acima, Tatiana e Olga; Sentados: Maria, Alexandra, Nicolau e Anastácia. E no chão, Alexei
Por Mark Weber
Na noite de 16-17 de julho de 1918, uma esquadra da polícia secreta Bolchevique assassinou o último imperador da Rússia, o Czar Nicolau II, junto com sua esposa, a Czarina Alexandra, seu filho mais velho de 14 anos, o Czaverch Alexis, e suas quatro filhas. Eles foram abatidos numa salva de balas num pequeno espaço de um cômodo da casa em Ekaterinoburgo, uma cidade na região dos Montes Urais, onde eles estavam mantidos como prisioneiros. A complementação da execução das filhas foi feita com baionetas. Para prevenir o culto ao Czar morto, os corpos foram descartados para o campo aberto e apressadamente enterrados em um túmulo secreto.
Avaliando o sinistro legado do comunismo soviético
As autoridades Bolcheviques inicialmente relataram que o imperador Romanov tinha sido baleado após a descoberta de um plano para liberar ele. Por algum tempo as mortes da Imperatriz e das crianças foram mantidas em segredo. Historiadores soviéticos alegaram por muitos anos que bolcheviques locais tinham atuado pela própria responsabilidade na matança, e que Lenin, fundador do Estado Soviético, não tinha nada haver com o crime.
Em 1990, o dramaturgo e historiador Edvard Radzinsky anunciou o resultado de sua detalhada investigação sobre os assassinos. Ele descobriu reminiscências do guarda costa de Lenin, Alexei Akimov, quem recontou como ele pessoalmente transmitiu do escritório de telégrafo a ordem de Lenin para execução. O telegrama foi também assinado pelo chefe do governo soviético Yakov Sverdlov. Akimov tinha salvado a fita do telegrama original como o relato da ordem secreta.
A pesquisa de Radzinsky confirmou o que as evidencias prévias tinham já indicado. Leon Trotsky – um dos mais próximos colegas de Lenin – tinha revelado anos atrás que Lenin e Sverdlov tinham juntos feito a decisão de sentenciar a morte o Czar e a família dele. Relembrando esta conversação em 1918, Trotsky escreveu:
Minha próxima visita para Moscou pegou lugar após [temporária] queda de Ekaterinoburgo [para as forças anti-comunistas]. Falando com Sverdlov, eu perguntei em passagem:
-“Oh sim, e onde está o Czar?”
-“Finalizado” ele respondeu. “Ele foi baleado.”
-“E onde está a família?”
-“A família foi junto com ele.”
-“Todos eles?” eu perguntei, aparentemente com um traço de surpresa.
-“Todos eles”- respondeu Sverdlov. -“E então?”- Ele estava esperando ver minha reação. Eu não dei nenhuma resposta.
“E quem fez a decisão?” - Eu perguntei.
“Nós decidimos isso aqui. Ilyich [Lenin]- acreditou que nos não deveríamos deixar os Brancos [Exército-partido branco, anti-comunista] com algum símbolo para reuni-los, especialmente sobre as difíceis circunstâncias presentes.”
Eu não questionei nada além e considerei a questão encerrada.
Recente pesquisa e investigação por Radzinsky e outros, também corroboraram os relatos fornecidos em anos prévios por Robert Wilton, correspondente do London Times na Rússia por 17 anos. Seus relato, The Last Days of the Romanovs – originalmente publicados em 1920, e relançado em 1993 pelo Institute for Historical Review – é baseado em maior parte nos achados de uma detalhada investigação iniciada em 1919 por Nikolai Sokolov sobre a autoridade do Líder “Branco” (anti-Comunista) Alexander Kolchak. O livro de Wilton permanece um dos mais precisos e completos relatos do assassinato da família imperial da Rússia.
Uma sólida compreensão da história tem sido a muito tempo o melhor guia para compreender o presente e antecipar o futuro. É certo que as pessoas são mais interessadas em questões históricas durante tempos de crise, quando o futuro parece mais incerto. Com o colapso do reinado comunista na União Soviética, 1989 – 1991, e enquanto os russos batalham para construir uma nova ordem sobre suas velhas ruínas, questões históricas tem tornado-se destaque. Por exemplo, muitos perguntam: Como fizeram os Bolsheviks, um pequeno movimento guiado pelos ensinamentos do filósofo alemão-judeu Karl Marx, para serem bem sucedidos em tomar o controle da Rússia e impor um cruel e despótico regime nas pessoas?
Iákov Mikháilovitch Sverdlov e Vladimir Ilitch Lenin; revolucionários e chefes do Estado russo soviético
Em recentes anos, judeus ao redor do mundo tem estado sonoramente ansiosos em relação ao espectro do anti-semitismo nas terras da ex-União Soviética. Nesta nova e incerta era, nós temos notado que suprimidos sentimentos de ódio e raiva contra os judeus estão uma vez mais sendo expressados. De acordo com uma enquete de opinião pública conduzida em 1991, por exemplo, a maioria dos Russos querem todos os Judeus saindo do país. Mas precisamente porquê é o sentimento de anti-judaísmo tão vastamente espalhado entre as pessoas da ex-União Soviética? Porquê muitos russos, ucranianos, lituanos, e outros acusam “os judeus” por tanto infortúnio?
Assunto tabu
Embora oficialmente Judeus nunca tiveram feito mais que 5% da população total, eles participaram desproporcionalmente na decisiva ação da direção dos primórdios da população bolchevique, efetivamente dominando o governo soviético durante seus primeiros anos. Historiadores soviéticos, junto com a maioria de seus colegas no Ocidente, por décadas preferiram ignorar este assunto. Os fatos, todavia, não podem ser negados.
Com a notável excepção de Lenin (Vladmir Ulyanov), a maioria dos líderes comunistas que tomaram o controle da Rússia em 1917 – 1920 eram judeus. Leon Trotsky (Lev Bronstein) liderou o Exército Vermelho e, por um período, foi chefe do Departamento Soviético de Assuntos Estrangeiros. Yakov Sverdlov (Solomon) foi ambo secretário executivo do partido bolchevique e – presidente do Comitê Central Executivo – líder do governo soviético. Grigori Zinoviev (Radomyslsky) liderou a Internacional Comunista (Comitern), a agência central para propagação da revolução nos países estrangeiros. Outros proeminentes judeus incluíram o comissário de imprensa Karl Radek (Sobelsohn), comissário de assuntos estrangeiros Maxim Livtinov (Wallach), Lev Kamenev (Rosenfeld) e Moisei Uritsky.
O próprio Lenin era ancestralmente na maior parte russo e calmuque, mas ele era também um-quarto judeu. Seu avô materno, Israel (Alexander) Blank, foi um judeu ucraniano que posteriormente foi batizado na Igreja Ortodoxa Russa.
Com inclinação internacionalista, Lenin viu as lealdades culturais ou étnicas com desprezo. Ele tinha poucas considerações para seus próprios conterrâneos. “Um inteligente russo”, uma vez realçou, “é quase sempre um judeu ou alguém com sangue judeu em suas veias.”
Reunião crítica
Na tomada do poder na Rússia, a atuação judaica foi provavelmente crítica.
Duas semanas anteriormente a bolchevique “Revolução de Outubro” de 1917, Lenin convocou uma reunião ultra secreta em São Petersbugo (Petregrado) na qual os líderes chave do Comitê Central do Partido Bolchevique fizeram a fiel decisão de tomar o poder numa virada violenta. Das doze pessoas que pegaram parte nesta decisiva reunião, havia quatro russos (incluindo Lenin), um georgiano (Stalin) um polonês (Dzerzhinsky), e seis judeus.
Tropas revolucionárias soviéticas
Para dirigir a tomada de poder, um “Escritório Político” de sete homens foi escolhido. Ele consistia de dois russos (Lenin e Bubnov), um georgiano (Stalin), e quatro judeus (Trotsky, Sokolnikov, Zinoviev, e Kamenev). Enquanto isso, a Petersburgo Soviética (Petrogrado) – cujo presidente era Trotsky – estabeleceu um “Comitê Militar Revolucionário” de 18 membros para efetivamente realizar a tomada do poder. Esse comitê incluía oito (ou nove) russos, um ucraniano, um polonês, um proveniente do Cáucaso, e seis judeus. Finalmente, para supervisionar a organização do levante, o Comitê Central Bolchevique estabeleceu um “Centro Militar Revolucionário” de cinco homens como comando de operações do Partido. Ele consistia de um russo (Bubnov), um georgiano (Stalin), um polonês (Dzerzhinsky), e dois judeus (Sverdlov e Uritsky).
Contemporâneas vozes do aviso
Bem informados observadores, ambos dentro e fora da Rússia, tomaram nota na época da crucial ação judaica no Bolchevismo. Winston Churchill, por exemplo, avisou em um artigo publicado em 8 de fevereiro de 1920, na edição do Illustrated Sunday Herald de Londres que o Bolchevismo é uma “conspiração mundial para derrubar a civilização e para a reconstrução da sociedade nas bases de um desenvolvimento encarcerado, de invejosa malevolência, e de impossível igualdade”. O eminente líder político britânico e historiador escreveu:
"Existe nenhuma necessidade de exagerar a parte da ação na criação do bolchevismo e do atual levante da Revolução Russa por estes internacionais e na maior parte judeus ateus. E é certamente a maior parcela de responsabilidade; provavelmente pesando mais que todas outras. Com notável excepção de Lenin, a maioria das figuras da liderança são judeus. Mais ainda, a principal inspiração e poder dirigente vem dos líderes judeus. Consequentemente Tchitcherin, um puro russo, é eclipsado pelo seu subordinado Litvinoff, e a influência dos russos como Bukharin ou Lunacharski não pode ser comparada com o poder de Trotsky, ou de Zinoviev, o Ditador da Citadela Vermelha (Petrogrado), ou de Krassin ou Radek – todos judeus. Nas instituições soviéticas a predominância de judeus é mesmo mais surpreendente. E a proeminente, se não certamente a principal, parte no sistema de terrorismo aplicada pelo Extraordinário Comitê de Combate a Contra Revolução [a Cheka] tem sida tomada por judeus, e em alguns notáveis casos por judias".
Desnecessário dizer, as mais intensas paixões de revanche tem sido excitadas no seio do povo russo.
David R. Francis, embaixador dos Estados Unidos na Rússia, avisou em janeiro de 1918 num comunicado para Washington : “Os líderes bolcheviques aqui, a maioria dos quais são judeus sendo 90% deles regressados de exílios, importam-se pouco com a Rússia ou qualquer outro país, mas são internacionalistas e eles estão tentando iniciar uma revolução socialista mundial”.
O embaixador da Holanda na Rússia, Oudendyke, apresentou o mesmo ponto de vista uns poucos meses depois. “A menos que o bolchevismo seja cortado pela raiz imediatamente, ele está enlaçado a espalhar-se de uma forma ou de outra sobre a Europa e sobre o mundo inteiro conquanto que ele é organizado e trabalhado por judeus que não tem nacionalidade alguma, e cujo único objetivo é destruir para seus próprios fins a ordem existente das coisas”.
“A Revolução Bolchevique,” declarou um jornal de uma comunidade Judaico Americana em 1920, “foi largamente o produto do pensamento judaico, do descontentamento judaico, e do esforço judaico de reconstrução”.
Como uma expressão deste caráter radicalmente anti-nacionalista, o novo governo soviético emitiu um decreto, uns poucos meses após tomar o controle, que fez do anti-semitismo um crime na Rússia. O novo regime comunista consequentemente tornou-se o primeiro no mundo a punir severamente todas as expressões de sentimento anti-judaico. Oficiais soviéticos aparentemente viam tais medidas como indispensáveis. Baseado em cuidadosa observação durante a longa estadia na Rússia, o erudito americano-judeu Frank Golder relatou em 1925 que “por causa que muitos líderes soviéticos serem judeus o anti-semitismo está crescendo [na Rússia], particularmente no exército [e] entre os velhos e novos intelligentsia que estão tendo os cargos ocupados pelos filhos de Israel”.
Visão da história
Resumindo a situação daquele tempo, o historiador israelense Louis Rapoport escreveu:
"Imediatamente após a Revolução [Bolchevique], muitos judeus estavam eufóricos sobre sua alta representação no novo governo. O primeiro Politburo de Lenin foi dominado por homens de origem judia.
Sobre Lenin, judeus tornaram-se envolvidos em todos os aspectos da Revolução, incluindo os trabalhos mais sujos. A despeito dos votos comunistas para erradicar o anti-semitismo, ele espalhou-se rapidamente após a Revolução – parcialmente por causa da proeminência de muitos judeus na administração soviética, tão bem como devido ao impulso traumático e inumano de sovietização que seguiu-se. O historiador Salo Baron tem notado que um imenso e desproporcional número de judeus juntou-se a nova polícia secreta bolchevique, a Cheka e muitos daqueles que caíram em conflito com a Cheka iriam ser baleados por investigadores judeus."
A coletiva liderança que emergiu nos dias derradeiros de Lenin foi encabeçada pelo judeu Zinoviev, um loquaz, mesquinho, Adonis de cabelos encaracolados cuja vaidade não conhecia limites.
“Qualquer um que tenha o infortúnio de cair nas mãos da Cheka,” escreveu o historiador judeu Leonard Schapiro, “fica numa chance muito provável de achar-se confrontando-se, e possivelmente baleado por, um investigador judeu.” [21]. Na Ucrânia, “Judeus perfizeram aproximadamente 80% das fileiras de funcionários e agentes da Cheka,” relata W. Bruce Lincoln, um professor americano de história russa. (Começando como a Cheka, ou Vecheka) a polícia secreta soviética foi posteriormente conhecida como GPU, OGPU, NKVD, MVD e KGB.)
Na luz de tudo isso, deve não ser surpresa que Yakov M. Yurovksy, o líder da esquadra bolchevique que encarregou-se do assassinato do Czar e de sua família, era judeu, assim como era Sverdlov, o chefe soviético que co-assinou a ordem de execução dada por Lenin.
Igor Shafarevich, um matemático russo de estatura mundial, agudamente criticou a ação judaica em derrubar a monarquia Romanov e estabelecer o regime Comunista em seu país. Shafarevich foi um líder dissidente durante as décadas finais do regime soviético. Um proeminente ativista dos direitos humanos, ele foi um membro fundador do Comitê de Defesa dos Direitos Humanos na URSS.
Em "Russophobia", um livro escrito dez anos antes do colapso do regime comunista, ele notou que judeus eram “fantasticamente” numerosos entre o departamento da policia secreta bolchevique. A característica judaica dos executores bolcheviques, Shafarevich explicou, é mais conspícua na execução de Nicolau II:
"Esta ação ritual simbolizou o fim de séculos da história russa, tanto que isso pode ser comparado somente com a execução de Carlos I na Inglaterra ou Luiz XVI na França. Iria parecer que a representatividade de uma insignificante minoria étnica deveria manter-se tão longe quanto possível desta dolorosa ação, a qual iria reverberar em toda história. Ainda que nomes nós encontramos? A execução foi pessoalmente supervisionada por Yakov Yurovsky quem atirou no Czar, o presidente dos sovietes locais Beloborodov (Vaisbart); a pessoa responsável pela administração geral em Ekaterinoburgo era Shaya Goloshchekin. Para completar o quadro, na parede do cômodo onde a execução ocorreu estava um dístico de um poema de Heine (escrito em alemão) sobre o Rei Baltazar, que ofendeu Jehovah e foi morto pela ofensa."
Representação de Execução do Czar e sua família
Em seu livro de 1920, o veterano jornalista britânico Robert Wilton ofereceu uma avaliação similarmente áspera:
"O inteiro relato do bolchevismo na Rússia é indelevelmente marcado com a estampa de uma invasão 'alienígena'. O assassinato do Czar, deliberadamente planejado pelo judeu Sverdlov (que veio para a Rússia como um agente pago pela Alemanha) e desempenhado pelos judeus Goloshchekin, Syromolotov, Safarov, Voikov e Yurovsky, é foi um ato não do povo russo, mas de seus invasores hostis".
Na batalha por poder que seguiu a morte de Lenin em 1924, Stalin emergiu vitorioso sobre seus rivais, eventualmente sucedendo em levar a morte quase todos principais líderes bolcheviques dos primeiros tempos – incluindo Trotsky, Zinoviev, Radek e Kamenev. Com a passagem do tempo, e particularmente após 1928 a liderança judaica no escalão máximo do Estado Soviético e no Partido Comunista diminuiu marcadamente.
Aplicada a morte sem julgamento
Por uns poucos meses após tomarem o poder, os líderes bolcheviques consideraram trazer “Nicolau Romanov” perante um “Tribunal Revolucionário” que iria tornar público seus “crimes contra o povo” antes de sentenciá-lo a morte. Precedentes históricos existiram para isso. Dois monarcas europeus tinham perdido suas vidas como uma consequência de um levante revolucionário: Carlos I na Inglaterra foi degolado em 1649, e na França Luis XVI foi guilhotinado em 1793.
Nestes casos, o rei foi levado a morte após um prolongado julgamento público, durante o qual foi a eles permitidos apresentarem argumentos em defesa deles. Nicolau II, no entanto, não foi nem acusado e nem julgado. Ele foi secretamente levado a morte – junto com sua família e equipe – na calada da noite, num ato que assemelhava-se mais a um massacre ao estilo gangster do que a uma formal execução.
Porquê Lenin e Sverdlov abandonaram os planos para um julgamento espalhafatoso do ex-Czar? Na visão de Wilton, Nicolau e sua família foram assassinados por que os líderes bolcheviques sabiam bem que eles careciam de genuíno apoio popular, e temiam claramente que o povo russo nunca iria aprovar que matassem o Czar, indiferente de pretextos e formalidades legais.
Quanto a isto, Trotsky defendeu o massacre tanto como útil, e mesmo como medida necessária. Ele escreveu:
"A decisão [matar a família imperial] não foi somente um expediente, mas foi necessário. A severidade desta punição mostrou a todos que nós iríamos continuar lutando impiedosamente, não parando em nada. A execução da família do Czar foi necessária não somente na ordem de assustar, horrorizar, e imbuir um senso de desesperança no inimigo, mas também para chacoalhar para cima nossas próprias fileiras, para mostrar que não existia mais volta, que a frente repousava ou a vitória total ou a danação total. Isto Lenin percebeu bem."
Leon Trotsky (nascido Lev Davidovich Bronstein) intelectual marxista e revolucionário bolchevique, organizador do Exército Vermelho e rival de Stalin na tomada do PCUS à morte de Lenin.
Contexto histórico
Nos anos que culminaram na revolução de 1917, os judeus eram desproporcionalmente representados em todos partidos subversivos de esquerda na Rússia. O ódio judaico para o regime czarista tinha bases em condições objetivas. Fora dos poderes que lideravam a Europa de então, a Rússia Imperial era mais institucionalmente conservadora e anti-judaica. Por exemplo, judeus eram normalmente não permitidos residir fora de uma larga área no império ocidental conhecida como a “Zona de Assentamento”.
Embora possa ter sido compreensível, e talvez mesmo defensável, a hostilidade judaica em direção ao regime imperial, a notória direção judaica no mais vastamente despótico regime soviético é menos fácil de se justificar. Num recente livro publicado sobre os judeus na Rússia durante o século 20, a escritora judia nascida na Rússia Sonya Margolina vai longe enquanto chama o papel judaico em apoiar o regime bolchevique de “pecado histórico dos judeus”. Ela aponta, por exemplo, a proeminente participação dos judeus como comandantes dos campos de concentração e trabalho, Gulag soviéticos, e a participação dos comunistas judeus na destruição sistemática das igrejas russas. Mais ainda, ela continua, “Os judeus do mundo inteiro apoiaram o poder soviético, e permaneceram em silêncio em face de qualquer criticismo da oposição”. Na luz deste relato, Margolina oferece uma sinistra predição:
"A exageradamente entusiasta participação dos judeus bolcheviques na destruição da Rússia é um pecado que irá ser vingado. O poder soviético irá ser equiparado com o poder judaico, e o furioso ódio contra os bolcheviques irá tornar-se ódio contra os judeus.
Se o passado é alguma indicação, e é desagradável que muitos russos irão procurar a revanche que Margolina profetizou. De qualquer maneira, acusar “os judeus” pelos horrores do comunismo parece mais justificável que acusar “pessoas brancas” pela escravidão negra, ou “os alemães” pela Segunda Guerra Mundial ou pelo “Holocausto”.
Palavras de um prodígio sinistro
Nicolau e sua família são somente os mais conhecidos das incontáveis vítimas do regime que abertamente proclamou seu implacável propósito. Umas poucas semanas após o massacre de Ekaterinoburgo, um jornal do recente Exército Vermelho declarou:
"Sem piedade, sem poupar nós iremos matar nossos inimigos pelas cifras de centenas, deixem elas serem milhares, deixem eles derramar neles mesmos o próprio sangue deles. Pelo sangue de Lenin e Uritskii deixem fluir os dilúvios de sangue da burguesia – mais sangue, tanto quanto for possível."
Grigori Zinoviev, discursando num comício dos Comunistas em setembro de 1918, efetivamente pronunciou a sentença de morte para dez milhões de seres humanos: “Nós devemos nos importar com 90 milhões dos 100 milhões de habitantes da Rússia soviética. Enquanto para o resto, nós não temos nada a dizer para eles, Eles devem ser aniquilados".
“Os vinte milhões”
Como se tem visto, o pedágio soviético das vidas humanas e sofrimento provou ser muito maior do que sugeriu a retórica assassina de Zinoviev. Raramente, se é que alguma vez, tem um regime pego as vidas de tantos de seu próprio povo.
Grigori Evséievíteh Zinoviev (nascido Ovsei-Gershon Aronovich Radomyslsky)
Citando os recentemente disponíveis documentos da KGB, o historiador Dmitri Volkogonov, líder de uma especial comissão parlamentária russa, recentemente concluiu que “de 1929 para 1952 21,5 milhões de pessoas foram detidas. Destas, um terço foi baleada, o resto sentenciado a prisão, onde muitos também morreram. ”
Olga Shatunovskaya, um membro do Comissão Soviética de Controle do Partido, e líder de uma comissão especial durante os anos de 1960 apontada pelo premier Khrushchev, tem similarmente concluído: “De 1º de janeiro de 1935 para 22 de junho de 1941, 19,840,000 inimigos do povo foram presos. Destes, sete milhões foram baleados na prisão, e a maioria dos outros morreram no campo. ” Estas figuras foram também achadas nos papéis do membro do Politburo Anastas Mikoyan.
Robert Conquest, distinto especialista da história soviética, recentemente trouxe a superfície um sinistro relato da repressão soviética em seu próprio povo.
“É difícil evitar a conclusão que o pedágio de mortes pós 1934 foi bem maior que os dez milhões. Para isto deve ser adicionada vítimas de fome de 1930 – 1933, as deportações de kulak, e outras campanhas anti-camponeses, fazendo assim outros dez milhões a mais. O total está consequentemente no alcance do que os Russos agora referem-se como ‘Os Vinte Milhões’. ”
Uns poucos outros eruditos têm fornecido estimativas significantemente maiores.
Retrospecto da era Czarista
Com o dramático colapso do regime soviético, muitos russos estão pegando uma nova e uma mais respeitável imagem do país deles do período pré-comunismo, incluindo a era do último imperador Romanov. Enquanto os soviéticos – junto com muitos no ocidente – tem estereotipado esta era como pouco mais que uma idade de despotismo arbitrário, cruel supressão e pobreza em massa, a realidade é mais diferente.
Enquanto é verdade que o poder do Czar era absoluto, que somente uma pequena minoria tinha qualquer significante voz política e que as massas de cidadãos do império eram camponeses, é digno de nota que os russos durante o reinado de Nicolau II tinham liberdade de imprensa, religião, assembléias, associação e proteção da propriedade privada, uniões laborais livres. Inimigos jurados do regime eram tratados com destacável clemência.
Durante as décadas anteriores a eclosão da Primeira Guerra Mundial, a economia russa estava florescendo. De fato, entre 1890 e 1913, foi russo o mais rápido crescimento do mundo. Novas linhas férreas foram abertas num dobro da frequência anual que ocorria nos dias do regime soviético. Entre 1900 e 1913, a produção de ferro aumentou em 58%, enquanto o carvão mais do que dobrou.
Grãos exportados da Rússia alimentaram toda a Europa. Finalmente, as últimas décadas da Rússia czarista testemunharam um magnífico florescimento da vida cultural.
Tudo mudou com a Primeira Guerra Mundial, uma catástrofe não somente para a Rússia, mas para todo o Ocidente.
Sentimento Monarquista
Apesar da (ou talvez por causa da) implacável campanha oficial durante a inteira era soviética para acabar com toda a lembrança de cada memória não crítica dos Romanovs e da Rússia imperial, um virtual culto popular de veneração por Nicolau II tem estado a avançar na Rússia em recentes anos.
As pessoas têm estado avidamente a pagar o equivalente a várias horas de trabalho para adquirir junto aos vendedores das ruas de Moscou, São Petersburgo e outras cidades russas, retratos de Nicolau II. Seu retrato figura agora em inúmeros lares e apartamentos. No final de 1990, todas as 200.000 cópias da primeira edição de um panfleto de 30 páginas sobre os Romanovs foram rapidamente esgotadas. Disse um vendedor de rua: “eu pessoalmente vendo quatro mil cópias em pouco tempo. É como uma explosão nuclear. As pessoas realmente querem saber sobre o Czar e a família dele. ” Bases pró-czarismo e organizações monarquistas tem brotado em muitas cidades.
Czar Nicolau II de Rússia: Nikolái Alieksándrovich Románov, foi o último imperador da Rússia, rei da Polônia e grão-príncipe da Finlândia.
Uma pesquisa de opinião pública conduzida em 1990 constatou que três de quatro cidadãos soviéticos inqueridos consideraram o assassinato do Czar e de sua família como um desprezível crime. Muitos russos ortodoxos vêm Nicolau II como um mártir. A independente “Igreja Ortodoxa” canonizou a família imperial em 1981, e a a Igreja Ortodoxa Russa de Moscou tem estado sob popular pressão para fazer o mesmo, a despeito de sua relutância de longo tempo para tocar neste tabu oficial. O Arque-Bispo da Igreja Ortodoxa de Ekaterinoburgo anunciou planos em 1990 para construir uma grande igreja nos locais das mortes. “As pessoas amaram o Imperador Nicolau II, ” ele disse. “Sua memória vive com as pessoas, não como um santo, mas como alguém executado sem veredito de corte, injustamente, como um sofredor por sua fé e por sua ortodoxia”.
No aniversário de 75 anos do massacre (em julho de 1993), os russos recordaram a vida, morte e legado de seu último Imperador. Em Ekaterinoburgo, onde uma grande cruz branca enfeitada com flores agora marca o local onde a família foi morta, choros enlutados como hinos foram cantados e orações foram feitas para as vítimas.
Cruz memorial ao Czar e família em Ekaterinoburgo
Refletindo ambos sentimento popular e novas realidades políticas sociais, a bandeira tricolor horizontal, branca, azul e vermelha foi oficialmente adotada em 1991, substituindo a bandeira soviética vermelha. E em 1993, a águia imperial de duas cabeças foi restaurada como emblema oficial da nação, substituindo o martelo e a foice soviética. Cidades que tinham sido renomeadas para honrar figuras comunistas – tais como Leningrado, Kuibyshev, Frunze, Kalinin, e Gorky – tem readquirido seus nomes da era czarista. Ekaterinoburgo, a qual tinha sido nomeada Sverdlovsk pelos soviéticos em 1924 em honra ao chefe judaico-soviético, em setembro de 1991 restaurou seu nome pré-comunista, na qual prestava honras a imperatriz Catarina I.
Significado simbólico
Na visão de milhões que seriam condenados a morte pelos governantes soviéticos nos anos seguintes, o assassinato da família Romanov pode não parecer de importância extraordinária. E ainda, o evento tem profundo significado simbólico. Nas palavras do historiador Richard Pipesda Universidade de Harvard:
"A maneira na qual o massacre foi preparado e realizado, a princípio negado e então justificado, tem algo excepcionalmente odioso sobre a questão, algo que radicalmente distingue ele dos atos anteriores de regicídio e marca isso como o prelúdio para os assassinatos em massa do século XX."
Outro historiador, Ivor Benson, caracterizou o assassinato da família Romanov como o símbolo do trágico destino da Rússia e, certamente, do Ocidente inteiro, neste século de conflitos e de agonias sem precedentes.
O assassinato do Czar e de sua família é ainda mais deplorável, porquê qualquer que fossem suas falhas como um monarca, Nicolau II era, por todas as contas, uma pessoa decente, generosa, humana e homem honrado.
O lugar do massacre na história
O abate em massa e caos da Primeira Guerra Mundial, e os levantes revolucionários que varreram a Europa em 1917 – 1918, trouxeram um fim não somente na antiga dinastia Romanov na Rússia, mas para a inteira ordem social continental. Varrida também foi a dinastia Hohenzollern na Alemanha, com sua monaquia constitucional estável, e a antiga dinastia Habsburgo da Austria-Hungria com seu império multinacional da Europa Central. Estados líderes da Europa compartilhavam não somente as mesmas fundações cristãs e da cultura ocidental, mas a maioria dos monarcas reinantes da Europa estavam vinculados por sangue. O Rei George da Inglaterra foi, através de sua mãe, primo em primeiro grau do Czar Nicolau, e através de seu pai, primo em primeiro grau da Imperatriz Alexandra. O Kaiser Guilherme da Alemanha foi primo em primeiro grau de Alexandra, nascida na Alemanha, e um distante primo de Nicolau.
Mais do que era o caso com as monarquias da Europa ocidental, a personalidade do Czar da Rússia simbolizava sua terra e nação. Consequentemente, o assassinato do último imperador da dinastia que tinha reinado na Rússia por três séculos não somente simbolicamente pressagiou o abate em massa que os comunistas reivindicariam tantas vidas russas nas décadas que se seguiram, mas foi o símbolo do esforço comunista para matar a alma e o símbolo da própria Rússia.
Fonte: The Journal of Historical Review, Jan.-Fev. 1994 (Vol. 14, No. 1), páginas 4-22
Sobre o autor: Mark Weber nasceu e cresceu em Portland, Oregon. Ele estudou história na Universidade de Illinois (Chicago), na Universidade de Munique, Universidade Estadual de Portland e Universidade de Indiana (M.A., 1977).
Tradução por TANNHAUSER